Quando pensamos em brinquedos que atravessaram gerações, poucos nomes se tornam tão universais quanto LEGO. Os pequenos blocos coloridos que se encaixam são conhecidos em praticamente todos os países, estão presentes em filmes, parques temáticos, jogos e coleções de adultos apaixonados. Mas a maioria das pessoas não imagina que o nome LEGO surgiu de uma história simples, quase improvisada, que começou em uma pequena oficina na Dinamarca. Assim nasceu uma marca que se tornaria um dos maiores sucessos da história do entretenimento infantil — e adulto também.

A jornada do LEGO começa nos anos 1930, em Billund, uma cidade pequena e distante dos grandes centros europeus. Seu criador, Ole Kirk Christiansen, era um marceneiro conhecido pela habilidade em produzir móveis. Quando a crise econômica atingiu a Europa e reduziu drasticamente a procura por trabalhos em madeira, Christiansen precisou se reinventar. Foi então que ele começou a fabricar pequenos brinquedos de madeira, simples, mas com um acabamento impecável. Esses brinquedos chamaram atenção pela qualidade, e sua oficina cresceu com o tempo.

Em 1934, já com alguns funcionários e uma linha de brinquedos mais variada, Christiansen sentiu que a pequena empresa precisava de um nome oficial. Ele queria algo curto, fácil de lembrar e que representasse o propósito do que produzia. Então, reuniu seus colaboradores e lançou o desafio: encontrar um nome que refletisse o espírito da marca. A ideia vencedora viria de uma composição de duas palavras dinamarquesas: “Leg Godt”, que significa “brincar bem”.

O resultado foi “LEGO” — um nome simples, sonoro e com um significado profundo para tudo que a empresa queria construir. Na época, ninguém imaginava que essas quatro letras se tornariam um dos nomes mais fortes e reconhecidos do mundo.

Mas a curiosidade não para aí. Anos mais tarde, a própria LEGO descobriu que “lego” em latim também significa “eu monto” ou “eu junto”. Essa coincidência perfeita acabou fortalecendo ainda mais a relação da marca com o ato de construir, encaixar e criar. Um acaso que só fez a história ficar ainda mais especial.

Durante muitos anos, a LEGO continuou produzindo brinquedos de madeira. O formato atual dos blocos só surgiria bem mais tarde, quando a empresa começou a experimentar novos materiais e percebeu que o plástico seria o futuro. Na década de 1940, a LEGO comprou sua primeira máquina de moldagem a injeção, abrindo caminho para um novo conceito de brinquedo.

O primeiro protótipo dos tijolinhos surgiu em 1949, inspirado em um sistema de blocos britânico chamado “Kiddicraft”. Esses primeiros blocos ainda não tinham o encaixe firme que conhecemos hoje. Eles eram ocos e escorregavam com facilidade. Mesmo assim, a ideia de construir com peças modulares chamou a atenção das crianças dinamarquesas.

A grande revolução aconteceu em 1958, quando Godtfred, filho de Ole Kirk Christiansen, desenvolveu o sistema de tubos internos dentro dos blocos. Foi essa inovação que garantiu a firmeza perfeita no encaixe, permitindo que as peças se mantivessem estáveis e compatíveis entre si. Ali nascia definitivamente o sistema LEGO como conhecemos hoje — e, detalhe importante, todas as peças atuais continuam compatíveis com as fabricadas desde 1958.

Isso significa que, teoricamente, um bloco comprado hoje pode se conectar perfeitamente com outro comprado há mais de 60 anos. Poucas marcas no mundo mantêm tamanho compromisso com continuidade e qualidade.

Com o passar das décadas, a LEGO deixou de ser apenas um brinquedo para se transformar em um ícone cultural. Hoje, existe LEGO para todas as idades, dos conjuntos simples para crianças pequenas até coleções avançadas para adultos, como carros, naves, construções arquitetônicas e peças raras que viram itens de colecionador.

Além disso, a marca se expandiu para filmes, parques temáticos, videogames, revistas, roupas e até competições de robótica, como a LEGO League, que incentiva educação tecnológica em todo o mundo.

Ainda assim, tudo sempre voltou ao mesmo princípio criado em 1934: “Leg Godt” — brincar bem. Essa filosofia atravessou o tempo e manteve a LEGO fiel à sua essência, enquanto crescia e se reinventava.

Curiosamente, hoje a LEGO é considerada uma das empresas mais admiradas do mundo, com fãs de todas as idades que colecionam, constroem, expõem e até usam peças LEGO como forma de arte. Não é exagero dizer que poucas marcas despertam tanta nostalgia, criatividade e conexão emocional quanto ela.

E pensar que tudo isso começou com um marceneiro tentando sobreviver à crise, criando brinquedos simples de madeira e procurando um nome que representasse o ato de brincar. O que surgiu como uma ideia modesta se transformou em uma marca tão poderosa que atravessa gerações e inspira a imaginação de milhões de pessoas no mundo inteiro.

Assim nasceu LEGO — um nome pequeno, mas que carrega uma das maiores histórias do universo dos brinquedos.